Todo mundo tem suas preferências, isso é mais do que normal. Acontece que em torno dos dois anos de idade, a criança descobre que é um ser humano separado da mãe, que pode dizer não e gerar emoção no outro. Em geral elas fazem o que podem para se sentirem no controle nessa fase e fazem várias tentativas. De todas a que mais cola é recusar determinados alimentos. E pasme! Muitas vezes é pelo simples prazer de dizer não.
Há quem diga que é apenas uma fase, e costuma ser mesmo, porém a forma que os cuidadores lidam com esse problema vai dizer muito sobre sua duração, inclusive se ela vai acabar ou piorar com o passar do tempo. Isso porque, em alguns casos, não comer pode ser “bem interessante” para criança, que vira o centro das atenções e consegue tudo o que quer.
Mas vamos a parte prática.
O que fazer se meu filho recusar um determinado alimento na hora da refeição?
Tenha empatia: ninguém é obrigado a gostar de tudo e, às vezes, a gente até gosta, mas não está afim naquele momento. Se imagine num jantar formal onde será servido algo que você detesta. Como você gostaria de ser tratado?
Não rotule: a criança acredita em tudo que a gente fala. Somos nós que formamos a opinião delas em relação a elas mesmas. Dizer que elas comem mal ou que não gostam de determinados alimentos pode atrapalhar mais do que ajudar. Deixe que ela tire suas próprias conclusões.
Aja naturalmente: não quer? Ok! É um direito da criança. Isso não precisa sair na capa da revista Caras e nem sair no Jornal Nacional.
Silêncio! Ficar tentando convencer ou narrando cada colherada pode ser irritante. Guarde seus conhecimentos nutricionais para outro momento. Quanto mais você se envolve, mais o problema ganha força.
Não deixe de oferecer: sua função é dar para a criança toda a oportunidade que ela precisa, mas não ouse achar que você terá controle sobre o que ela fará com essa oportunidade.
Não quis dessa vez? Dê a ela a oportunidade de querer ou até de se apaixonar numa próxima vez. Aproveite para apresentar o alimento de diferentes formas e em diferentes preparações.
Incentive os pontos positivos: tire o foco da parte negativa.
Não quer comer a couve? Sem problemas…
-Você costuma comer muito bem
-Existem outros substitutos
-Você comeu todo o feijão
-Eu vi que você se esforçou
-Quem sabe da próxima vez?
-Você come as outras folhas
-Você aceita no suco…
Não trave uma guerra: o momento da refeição precisa ser prazeroso e não uma batalha! Enfrentar a criança pode coloca-la na posição de defesa e ninguém costuma sair ganhando nesses casos.
Nutricionista pediátrica e terapeuta alimentar. Fundadora do Alice no país das comidinhas, uma clínica pediátrica que reúne diversas especialidades da saúde totalmente preparadas para tratar as questões alimentares inerentes à infância.